Um poema....

Jamais esquecerei
os braços de Ana.

Soltos no ar
numa sensual simetria
de serpentes
ateavam fogo no palco
incendiando a música e a dança
invertebradamente.

Seus pés
igualmente inesquecíveis
vestidos de pássaros azuis
desafiavam a gravidade
dos linóleos.

Neste céu de sapatilhas
que sobreovoam meus olhos
minhalma bailarina
aos seus encantos se rendeu:
aquela dança não era apenas
um majestoso pas de deux
mas um etéreo e eterno
pas de Deus.

(Carlos Dimuro, no livro Ana Botafogo - Na ponta dos pés)

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