MARGOT FONTEYN

Margot Fonteyn

Ao comentar uma atuação de Margot Fonteyn, o importante crítico inglês Richard Buckle confessou que preferia falar mais sobre o que a bailarina expressava em dança do que executava em passos, porque de há muito Margot Fonteyn havia ultrapassado o ponto em que fosse preciso discutir sua performance física, quer num papel novo ou já conhecido. "Existe uma espécie de barreira do som acima da qual a dança - agitação de braços e pernas - torna-se uma força moral".
O mesmo conceito aplica-se à carreira desta dançarina inglesa de sangue brasileiro. Torna-se inútil repetir dados biográficos ou cronológicos, pois muito mais importante do que fez ontem é o que ela significa neste momento. Como Pavlova foi para uma geração anterior um símbolo da dança clássica, Fonteyn simboliza hoje o ballet - o ballet inglês em particular e o ballet como se pratica hoje, em geral. Modelo da bailarina ideal em forma e espírito, modelo das proporções clássicas e da musicalidade da dança, modelo de integridade profissional, de humildade artística, de idealismo, Margot Fonteyn personifica ainda as realizações e conquistas do ballet ocidental nestes últimos 50 anos.
Desde sua estréia em 1934, aluna e adolescente, Margot Fonteyn cresceu e desenvolveu-se com sua companhia The Royal Ballet, internacionalmente famoso com o maior conjunto de ballet ocidental, que teve sempre como fator principal de sua ascenção, em qualidade e popularidade, a pequena Margot - de solista a primeira dançarina, de ballerina a prima-ballerina absoluta e que, no seu modesto esplendor, ultrapassou as fronteiras do ballet britânico para firmar-se e ser confirmada a maior dançarina de nossa época.
Para ser a maior ballerina contemporânea, Margot Fonteyn transforma-se, no universo mágico do teatro, em Odette-Odile, Giselle, Sylvia, Ondine, Cinderela ou a Bayadére, o Pássaro de Fogo ou a Bela Adormecida, Raymonda ou a Peri, Julieta ou Marguerite... mas quando ela deixa essas personagens de sonho para voltar a ser Margot Fonteyn, simples e discreta fora do palco, continua a mais prestigiosa e prestigiada das grandes ballerinas atuais, em posição única no cenário mundial. Foi como decorrência de seu valor que a Rainha da Inglaterra lhe deu as condecorações Commander of British Empire e Dame of British Empire. Doutora honoris causa em literatura pela Universidade de Leeds, em música pelas Universidades de Londres e Oxford e presidente da tradicional instituição de dança: The Royal Academy of Dancing.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Vitor e Guilherme Menezes

DICIONÁRIO DE BALLET